Há alguns problemas sim, Lucilany. Vou dividir com você a minha experiência, pois talvez seja semelhante a tua. Comecei com o blog há pouco tempo e fiquei surpreso com o resultado: os seguidores vieram, vieram os comentários..., tudo muito rápido! Contente, segui, encorajado, produzindo os meus textos, fazendo-os dialogar com música..., do meu jeito. E também me infiltrando na blogsfera, atraindo olhares e realizando saudáveis trocas com os interlocutores. Entendi que a palavra de ordem era reciprocidade e então comecei a seguir vários blogues e a fazer minhas intervenções, me posicionando, portanto (como aliás, sempre faço, desde que me entendo por gente). Aí começaram os problemas... Primeiro, enxerguei que, em alguns casos, ao invés de reciprocidade, ocorria (diga-se de passagem, reproduzindo a cena política) barganha : comentário por comentário, seguidor por seguidor..., concorrência (a tal fogueira das vaidades a que você se referiu). Então, neste exato momento, retrocedi e inclusive excluí alguns blogues da minha lista. Isto porque, pra mim, não há meta a atingir senão o coração das pessoas e, além disso, foi-se o tempo em que eu pensava ser necessário provar alguma coisa pra alguém ou mesmo pra mim. "Meus sonhos são outros", com certeza, e  o que faço é dialogar com quem está do outro lado da tela, seja quem for, e nada além disso (o que, aliás, já é muito, afinal há pouco espaço para o diálogo, numa sociedade estúpida e sobre-humana feito a nossa). No entanto, ouvi algumas insinuações levianas, do tipo "tá querendo aparecer", essa babaquice que acontece muito aqui no Brasil, onde, como dizia o Tom Jobim, "sucesso é ofensa pessoal". De fato, Lucilany, é assim há tempos e por isso, aliás eu digo a você: é perfeitamente natural que isso tudo ocorra também na blogsfera. Afinal trata-se de uma transferência do comportamento em voga no chamado "mundo real" (totalmente surreal) em que vivemos, ou sobrevivemos. Onde o que se vê é o mesmo "toma lá dá cá", a mesma promiscuidade das relações por interesse; a mesma legião de seguidores arrebanhados, muitos deles incapazes de refletir; sem falar do número crescente de pessoas que se julgam instantaneamente célebres e populares e, mentindo pra si mesmas,  esquecem que o sol nasce pra todos. Outro problema no mundo virtual com o qual me deparei: o preconceito manifesto, a discriminação. Novamente refllexo desse nosso mundo, desse país, que (como eu disse hoje noutro blogue) é uma contradição sem fim: uma putaria escanCARAda no cenário político e uma hipocrisia disfarçada de bom senso nas demais esferas sociais. Na Internet, onde se tem a falsa sensação de liberdade, há quem, por um lado, prefira se esconder e, por outro, quem queira se expor, como se numa vitrine. Fácil de entender os últimos, afinal, alguns deles não tem muito mais que a bunda pra mostrar. Por isso, aliás, como aquela famosa chacrete, deveriam ser enterrados de costas, como única forma de serem reconhecidos. Prefiro mostrar a cara, como sugeria o Cazuza e pagar o preço por pensar com a cabeça de cima. Por outro lado, há muita indecência nos rostos, principalmente naqueles mais angelicais, que escondem caráteres sombrios e mentes nocivas, neo-nazistas. Há tudo no mundo e ainda assim (talvez por isso mesmo), Lucilany, a vida é bela. Sugiro nos apropriarmos dos espaços virtuais, espalhando poesia. Portanto: siga!! Não há outra senão esta forma de lutar pela liberdade (a de expressão, única liberdade real) e é esta a maneira de impedir o avanço dos moralistas, alienados e parasitas, "dessa gente careta e covarde" que agora se esconde atrás do teclado e ofende, usurpa e desagrega.

Um beijo.